De acordo com informações publicadas pelo jornal Estado de S. Paulo, a musicista carioca Kira Salim foi identificada como uma das 11 vítimas fatais do atropelamento ocorrido no festival da comunidade filipina Lapu Lapu, em Vancouver, na noite de sábado, 26 de abril.
De identidade de gênero não-binária, Kira, ou Clara Ganapol Salim, morava no Canadá há quase três anos, onde vivia com o marido.
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirmou ao Estadão a morte de uma cidadã brasileira no incidente e informou que está prestando a assistência consular necessária aos familiares. No Brasil, parentes de Kira também confirmaram o falecimento ao jornal brasileiro.
Natural do Rio de Janeiro e com laços familiares no Rio Grande do Sul, a brasileira de 34 anos graduou-se em Licenciatura em Música pela UniRio (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro) em 2014. Além disso, possuía mestrado na área de psicologia pela Universidad Europea del Atlántico (2021) e um certificado na área de Sociologia, em Equidade, Diversidade e Inclusão, pela UBC (2024).
A musicista atuava como professora (counsellor) na Fraser River Middle School, em New Westminster. Segundo a família, o marido de Kira não se encontrava no local no momento do ataque e aguarda instruções das autoridades canadenses para a realização dos trâmites funerários.
A polícia de Vancouver informou que a identificação oficial das vítimas ainda enfrenta certa lentidão, mas deve ser concluída nas próximas horas.
Antes de se mudar para o Canadá, Kira era ativa no cenário cultural carioca, tendo organizado e participado como cantora do bloco Marcha Nerd, que reúne foliões fantasiados de personagens da cultura pop, ao som de trilhas de animes, séries e filmes das décadas de 1980 e 1990. A despedida do bloco ocorreu em julho de 2022, ocasião em que Kira expressou, em vídeo nas redes sociais, sua expectativa para a nova fase da vida no exterior.
Em outra publicação, Kira ressaltava sua missão como profissional de saúde mental (mental health), destacando o compromisso com a promoção do desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas, por meio da criação de ambientes diversos e equitativos, que valorizassem diferentes talentos e personalidades.
Tragédia deixa 11 mortos e dezenas de feridos
O ataque no sábado abalou a comunidade filipino-canadense durante o festival Lapu Lapu Day, em Vancouver. Um homem de 30 anos dirigiu um SUV preto contra a multidão na Fraser Street, esquina com East 41st Avenue, matando 11 pessoas — entre elas uma criança de cinco anos — e ferindo mais de 20, algumas em estado crítico.
O incidente ocorreu logo após o encerramento das apresentações culturais. Testemunhas relataram cenas de pânico, com corpos arremessados no ar e vítimas presas sob caminhões de comida.
O suspeito foi contido por frequentadores antes de ser preso pela polícia. Ele é conhecido das autoridades por histórico de problemas de saúde mental.
A polícia de Vancouver descartou motivação terrorista, mas a investigação continua. O chefe interino da polícia, Steve Rai, descreveu o episódio como “o dia mais sombrio da história da cidade”.
Líderes políticos, incluindo o primeiro-ministro Mark Carney e o premier de British Columbia, David Eby, expressaram solidariedade às vítimas e à comunidade filipina local. Memoriais espontâneos surgiram no local, enquanto a cidade busca respostas e apoio às famílias afetadas.
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