Na segunda de uma série de entrevistas exclusivas para o Jornal Brasil Vancouver, o Cônsul-Geral do Brasil em Vancouver, Embaixador Nestor Forster, aborda a relação bilateral Brasil-Canadá, incluindo o comércio entre as duas nações, o potencial turístico do país para os canadenses, além da possibilidade de um futuro voo direto entre Vancouver e o Brasil. Leia abaixo, na íntegra, a entrevista com o Embaixador Forster.
JORNAL BRASIL VANCOUVER: Que aspectos tornam o Brasil um parceiro comercial interessante para o Canadá, e como esta relação deve se desenvolver nos próximos anos?
NESTOR FORSTER: Falando do ponto de vista do oeste canadense, que é a jurisdição do Consulado-Geral em Vancouver, há grande potencial a ser explorado na continuada aproximação de setores importantes para a região, nos quais o Brasil tem reconhecida capacidade, como a mineração, óleo e gás e o setor energético com um todo, o agronegócio e sua interseção com novas tecnologias.
Há grande potencial a ser explorado na continuada aproximação de setores importantes para a região, nos quais o Brasil tem reconhecida capacidade, como a mineração, óleo e gás e o setor energético com um todo, o agronegócio e sua interseção com novas tecnologias.
Há nichos de mercado que buscamos explorar, em trabalho conjunto com a Câmara de Comércio Brasil-Canadá e a “Canada-Brazil Chamber of Commerce”, como vinhos e destilados, chocolates artesanais, cafés especiais, frutas frescas, como mamão papaia, figos, açaí e outras frutas amazônicas.
JBV: Como o Consulado de Vancouver está buscando fomentar esta relação?
NF: Temos um setor dedicado ao fomento ao comércio e aos investimentos que trabalha em estreita colaboração com a Apex-Brasil e as Câmaras de Comércio, buscando atender a consultas de importadores e exportadores sobre oportunidades de mercado e possibilidades de negócio.
É importante também a participação de empresas brasileiras nas grandes feiras setoriais realizadas no oeste canadense, assim como nos eventos pontuais de promoção de negócios organizados pelo Consulado.
JBV: O senhor recentemente esteve reunido com representantes da Brazil Canada Chamber of Commerce (BCCC) e Câmara de Comércio Brasil-Canadá no Canadá (CCBC).
Como este diálogo e outras iniciativas podem contribuir para os negócios das empresas brasileiras, particularmente pequenas e médias, na costa oeste canadense?
O objetivo do diálogo com as Câmaras, e com o setor privado de forma geral, é justamente contribuir para a ampliação dos negócios, especialmente o de pequenas e médias empresas.
NF: O objetivo do diálogo com as Câmaras, e com o setor privado de forma geral, é justamente contribuir para a ampliação dos negócios, especialmente o de pequenas e médias empresas.
A ideia é identificar oportunidades com potencial para essas empresas, como estamos fazendo com relação aos nichos de mercado já identificados.
Além disso, estamos sempre abertos a sugestões. Para mencionar duas histórias de sucesso, contribuímos para a consolidação de iniciativas como a comercialização de café artesanal brasileiro e de produção de queijo coalho na província de British Columbia, com base em eventos patrocinados pelo Consulado.
JBV: O senhor avalia que uma maior presença de empresas brasileiras na Costa Oeste pode gerar oportunidades de negócios para os empreendedores brasileiros em BC ou mesmo vagas de emprego?
Há um ponto a partir do qual se verifica uma sinergia entre a presença de investimentos do brasil e as oportunidades para os brasileiros na região.
NF: Certamente. Há um ponto a partir do qual se verifica uma sinergia entre a presença de investimentos brasileiros e as oportunidades para nossos nacionais. Estamos trabalhando para ampliar essa presença.
JBV: Em conversa por telefone ano passado, o presidente Lula convidou o primeiro-ministro Justin Trudeau para visitar o Brasil. Houve algum movimento desde então para uma reunião bilateral entre os líderes, no Brasil ou no Canadá?
NF: A agenda política bilateral é tema da alçada da Embaixada em Ottawa.
JBV: O Brasil não costuma ser a primeira opção de destino internacional para o turista canadense. O senhor acredita que mais possa ser feito para promover o Brasil como opção de viagem ao público local? Existe algum projeto em curso neste sentido?
NF: Não tenho dúvida que podemos sempre fazer mais. Já há entendimentos em curso entre a Embratur, a APEX-Brasil e companhias aéreas canadenses com o objetivo de promover o Brasil como destino turístico para o público local.
O possível estabelecimento de rota direta entre Vancouver e o Brasil certamente contribuiria para esse objetivo, assim como maior divulgação do turismo ecológico ou do turismo de aventura, tão caro ao público de Vancouver.
Já há entendimentos em curso entre a Embratur, a APEX-Brasil e companhiaS aéreaS canadenses com o objetivo de promover o Brasil como destino turístico para o público local.
JBV: O senhor acredita que a comunicação com a imprensa canadense poderia ser mais explorada pelo governo do Brasil, para divulgar o país? Por exemplo, além da fundamental promoção do turismo, a divulgação de iniciativas importantes, como eventos, cultura, etc.?
Apenas como exemplo, o Web Summit Rio, um dos maiores eventos anuais de tecnologia do mundo, foi realizado em abril deste ano no Rio de Janeiro, com potencial de atrair visitantes internacionais.
NF: A comunicação com a imprensa local é parte de nossa rotina de trabalho, e estamos sempre com as portas abertas para divulgar os temas de interesse para a comunidade brasileira residente em nossa jurisdição, assim como para atender à demanda específica de informações sobre o Brasil em nossa esfera de atuação.
JBV: O Rio de Janeiro será sede, nos dias 18 e 19 de novembro deste ano, da Cúpula do G20, com a presença de chefes de Estado e Governo das maiores economias do mundo, e segundo os organizadores, deve receber várias reuniões temáticas durante o ano.
Há planos para usar este evento de impacto global para promover o Brasil no exterior? Em particular, como o senhor acredita que o Consulado-Geral em Vancouver pode maximizar este momento para criar pontes locais e elevar ao máximo a visibilidade do Brasil no oeste do Canadá?
NF: A agenda política internacional é tema da alçada da Embaixada em Ottawa.
JBV: A Metro Vancouver é um dos principais polos econômicos do Canadá e o aeroporto internacional (YVR) o principal (hub) do oeste do país.
Ainda assim, ao contrário de Toronto e Montreal, Vancouver não dispõe de voo direto para o Brasil, nem tampouco para a América do Sul. Igualmente, nenhum voo direto liga o afluente Noroeste dos Estados Unidos com o Brasil.
São Paulo e Rio de Janeiro já foram citados na mídia canadense como possíveis destinos de um eventual voo entre YVR e América do Sul, mas nada de concreto foi realizado. Na sua visão, estabelecer esta ligação aérea direta entre o oeste canadense e o Brasil seria benéfico economicamente para ambos os países?
Um voo direto poderia contribuir para uma maior aproximação entre os dois países, não só do ponto de vista do turismo, mas também do comércio e das oportunidades de investimento.
NF: Parece que sim. Essa é uma inciativa que poderia contribuir para uma maior aproximação entre os dois países, não só do ponto de vista do turismo, mas também do comércio e das oportunidades de investimento.
No entanto, é importante ter presente que a ligação aérea não se estabelece no vácuo, mas geralmente reflete um adensamento das relações, para o qual ela então passa a contribuir.
É um possível círculo virtuoso e o importante são as condições para dar o primeiro passo, cuja viabilidade comercial cabe naturalmente às empresas avaliarem.
JBV: Na condição de representante dos interesses do Brasil e dos brasileiros na região, o senhor pode ou pretende buscar avançar este tema junto às autoridades canadenses, como por exemplo, Tamara Vrooman, CEO do Aeroporto Internacional de Vancouver (YVR) ou Michael Rousseau, CEO da Air Canada?
NF: Não perdemos oportunidade de suscitar o tema. Como a sede da Air Canada é na cidade de Montreal, é ao Consulado-Geral daquela jurisdição que cabem essas gestões.
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