Aumento de casos de COVID-19 neste outono pode sobrecarregar o sistema de saúde no Canadá, diz governo

Os modelos apresentados pelo governo federal apontam para um pico no número de casos neste outono. Comportamento do novo coronavírus ainda é pouco conhecido em certas condições e governo adota filosofia de “prevenir para não remediar”. Em BC, aumento significativo nas incidências de COVID-19 e comportamento dos mais jovens preocupa.

O governo federal está se preparando para um possível aumento no número de casos de COVID-19, incluindo um esperado ápice do surto do novo coronavírus neste outono, que pode temporariamente exceder a capacidade de tratamento do sistema de saúde.

À medida que o país segue com a reabertura de diversas áreas na economia e o consequente aumento do número de eventos em ambientes fechados, o governo federal está se preparando para um possível agravamento da situação.

Aumento de casos de COVID-19 neste outono pode sobrecarregar o sistema de saúde no Canadá
Canadá prepara sistema de saúde para possível aumento nos casos de COVID-19 no outono (Crédito: SJ Objio)

Os modelos apresentados nesta sexta-feira pela Dra. Theresa Tam, chefe do sistema de saúde nacional, apontam para um pico no número de casos neste outono, seguido por altos e baixos, o que segundo ela, podem sobrecarregar o sistema em partes do país.

Por este motivo, as autoridades de saúde em todo o Canadá estão se preparando para surtos que podem até ultrapassar os picos mais altos desde março e abril, visando enfrentar o pior cenário possível, caso seja este o caso.

Em Ottawa, a Dra. Tam lembrou que “ainda não conhecemos a sazonalidade do novo coronavírus”. Ela observou que “o vírus permaneceu ativo durante o verão e pode apresentar um certo tipo de aceleração sob novas condições” conjecturou.

Canadá está mais preparado do que quando a pandemia apareceu, mas é melhor prevenir do que remediar

A autoridade da saúde canadense afirmou que “o Canadá está mais preparado do que quando a pandemia apareceu no primeiro semestre”, porém o governo está se preparando para a probabilidade de surtos simultâneos de gripe sazonal, outras doenças respiratórias e também COVID-19 neste outono e inverno.

“É melhor prevenir do que remediar” disse em outras palavras a Dra. Tam. “Estamos nos planejando para além do que tivemos na primeira onda e acredito que isto seja prudente neste momento”.

Um aumento nas taxas de infecção do novo coronavírus é esperado, na medida em que as atividades socioeconômicas continuam a retornar de leste a oeste do país, mesmo com os protocolos de segurança e higiene, dizem os modelos de projeção.

“Uma forma de frear grandes surtos é identificar e isolar as pessoas contaminadas o mais rápido possível” ressaltou a médica-chefe do Canadá. Ela ainda lembrou da importância do uso do aplicativo “COVID Alert app”, que alerta os usuários quando estiverem próximos a alguém infectado pelo vírus.

O aplicativo possui forte proteção à privacidade individual, segundo informado pelo Office of the Privacy Commissioner of Canada (OPC) em comunicado. O COVID Alert está disponível para download na Google Play e App Store

    Aplicativo COVID Alert (Fonte: Google Play)

Tendência de aumento de novos casos já é observada também em BC

Novos dados apresentados pelo governo provincial demostram que se British Columbia seguir na tendência atual, haverá um aumento expressivo nas incidências de COVID-19 na região durante agosto e setembro. Isso se não houver uma mudança significativa no comportamento de uma parcela da população.

Os números mostram uma tendência atual de, em média, cerca de 75 novos casos por dia até setembro. Se as taxas de contato passarem de 70 por cento do normal, o que é próximo aos níveis atuais, para 80 por cento, os casos aumentarão para mais de 100 por dia.

A maior preocupação para as autoridades da província são encontros e festas em ambiente fechado, com indivíduos que não se conhecem. A maioria dos casos neste momento encontra-se na faixa etária entre 20 e 40 anos, porém o número de internações neste grupo é bastante inferior aos indivíduos com mais de 60 anos. 

“Existem algumas pessoas que estão tentando burlar as regras. Eles estão tentando encontrar maneiras de contornar e esconder as coisas – e nós estamos tentando encontrá-los”, disse a Dra. Bonnie Henry, médica-chefe da província de British Columbia.

A Dra. Henry disse ainda que “à medida que temos mais transmissões, mais eventos de exposição, aumenta a probabilidade de alguém levar isso para a sua casa, para a sua família ou para o seu ambiente de trabalho, onde podem estar em contato próximo com outras pessoas”.

A grande preocupação de Bonnie Henry é que, quanto mais casos houver, maiores serão as chances de uma pessoa mais jovem infectar alguém mais velho e vulnerável.

Médica-chefe alerta que jovens também podem sofrer efeitos de longo prazo ao contrair COVID-19

A médica-chefe de British Columbia lembrou aos mais jovens que ser infectado pelo novo coronavírus não é tão leve e passageiro com alguns imaginam.

“Nós sabemos que para algumas pessoas, e nem sempre sabemos exatamente para quem, a reação tem a ver com a forma como nosso próprio sistema imunológico se comporta e a nossa composição genética. Algumas pessoas têm doenças muito graves e algumas pessoas têm impactos de longa duração, mesmo com uma forma mais branda desta doença”, disse Henry, acrescentando que estes efeitos de longo prazo também estão sendo detectados em pessoas que não foram hospitalizadas.

“Mas o que escutamos dos jovens são casos de cansaço, uma fadiga profunda que dura muito tempo e até desconforto para sentar,”, explicou a Dra. Henry. “Para os que têm pneumonia, dificuldade em respirar, falta de ar, isto pode durar por muito tempo.”

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