
Em meio a crescentes tensões comerciais e medidas tarifárias impostas por parceiros históricos, o Canadá intensificou seus esforços para firmar um acordo com o Mercosul.
A movimentação é vista como parte de uma estratégia mais ampla de Ottawa para diversificar seus laços econômicos e reduzir a forte dependência dos Estados Unidos – maior parceiro comercial do país.
A sinalização veio através de declarações do ministro canadense do Comercio Exterior, Maninder Sidhu, que afirmou que o momento é propício para avançar nas negociações com o bloco sul-americano.
A ofensiva diplomática ocorre em um contexto de crescente incerteza nas relações comerciais com Washington.
“Conversei com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, e há interesse em realizar conversas sobre o Mercosul”, disse Sidhu.
A busca por uma aproximação entre Canadá e Mercosul não é recente, mas ganhou força nos últimos meses.
Acordo tem desafios geopolíticos e internos
Os diálogos formais entre o Canadá e o bloco sul-americano começaram em 2018 e já contaram com diversas rodadas de negociação. Apesar do esforço diplomático, segundo o Valor Econômico, pouco se avançou em quase 30 temas de negociação, com destaque para áreas como investimentos e serviços, que enfrentam forte resistência de ambos os lados.
Porém no atual contexto da América do Norte, a diversificação comercial deixou de ser um objetivo aspiracional e passou a ser tratada como uma necessidade estratégica.
Para o Canadá, o Mercosul se apresenta como um parceiro natural para aprofundar relações comerciais preferenciais.
A proximidade geográfica e a complementaridade econômica reforçam este caminho — sobretudo diante da possibilidade de um acordo entre o Mercosul e a União Europeia ser finalmente assinado até o fim do ano.
Caso o possível tratado com os europeus avance, empresas canadenses poderão enfrentar uma desvantagem competitiva significativa. Enquanto exportações do Canadá seguiriam sujeitas a tarifas elevadas, companhias europeias ganhariam acesso progressivamente isento de tarifas aos mercados do bloco sul-americano.
Ainda assim, as tratativas do Mercosul com o Canadá prometem ser tão complexas quanto aquelas conduzidas com a União Europeia.
As divisões internas canadenses representam um obstáculo adicional, visto que até mesmo o comércio entre as províncias do próprio país enfrenta barreiras comerciais, apesar de esforços recentes do novo governo federal para reduzi-las.
Ainda assim, o Mercosul representa um mercado potencial significativo para o Canadá, com amplas oportunidades para empresas e consumidores canadenses.
Canadá já possui diversos acordos de livre comércio
O Canadá já possui acordos comerciais com vários países da América Latina, como Chile, Colômbia, Peru, Panamá, Honduras, Costa Rica e Equador, além de diversos outros blocos, como o CPTPP (acordo transpacífico de livre comércio) e CETA (acordo Canadá-Europa de livre comércio).
O país também possui acordos bilaterais com Israel, Coreia do Sul, Reino Unido, Ucrânia, Jordânia, entre outros.
Segundo o governo, o Canadá possui acordos com 51 países, com acesso a cerca de 1.5 bilhão de consumidores.
Além disso, Ottawa tem negociações avançadas para um acordo com a Indonésia e iniciou conversas com as Filipinas. As tratativas com outros países da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) seguem em curso, e diálogos com Austrália e Singapura devem ocorrer em breve.
Saiba mais:
Acordos de livre comércio do Canadá
Fique por dentro da sua comunidade! Acompanhe o Jornal Brasil Vancouver através de todas as plataformas: