Quando vamos voar diretamente para o Brasil saindo de Vancouver? Com vôos da Air Canada para São Paulo saindo de Toronto e, mais recentemente, Montreal, criou-se uma expectativa de que eventualmente, chegaria a vez dos brasileiros em British Columbia. Mas será que esta expectativa é realista ou apenas um sonho distante? Entenda os fatores que podem determinar que este desejo da comunidade brasileira se torne realidade.
Pano de fundo: A expansão internacional dos aeroportos de Seattle e Vancouver
Os aeroportos de Seattle-Tacoma (SEA) e Vancouver (YVR) passam por grandes projetos de ampliação, com investimentos na casa dos bilhões de dólares. Por trás disso, existe para ambos a intenção de aumentar o número de vôos internacionais. Já em 2020, os dois aeroportos têm prevista a inauguração de expansões de seus terminais internacionais.
As duas cidades competem por vôos para o exterior, muito por sua posição geográfica semelhante. Vancouver hoje possui mais destinos diretos (45), mas Seattle (21 destinos) tem planos de se aproximar deste número, com a vantagem de ter anualmente quase o dobro de passageiros e ser uma metrópole econômica maior que Vancouver. A maior cidade do Estado de Washington é sede de empresas como a Microsoft, Boeing, Amazon, entre outras, e isso significa mais passageiros em assentos de business e first-class – atraentes para as companhias aéreas.
Os representantes de ambos os aeroportos afirmaram para a imprensa que estão em conversas constantes sobre possíveis novos vôos, mas sem entrar em detalhes.
A América do Sul pode ser o fiel da balança
Um vôo direto para uma cidade na América do Sul pode dar uma vantagem competitiva para os aeroportos de Vancouver ou Seattle. Isso porque nenhum dos dois possui uma conexão direta para este continente e a rota poderia beneficiar passageiros provenientes de muitas cidades ao disponibilizar conexões mais eficientes.
Desta forma, um vôo para o continente sul-americano poderia atrair novas companhias aéreas, interessadas em conectar seus passageiros com rotas novas ou já existentes, aumentando, portanto, as possibilidades de crescimento para o aeroporto escolhido.
Vale mencionar que, segundo o professor de administração na área de aviação na University of British Columbia, John Korenic, que conversou com o periódico Business in Vancouver, se alguma companhia aérea inaugurar uma rota para a América do Sul de Vancouver ou Seattle, a mesma rota saindo do outro aeroporto se tornaria bem menos provável.
O vôo para o Brasil e a conexão chinesa
O CEO do Vancouver Airport Authority, Craig Richmond, por anos tem feito lobby junto ao governo canadense para expandir o programa de “Trânsito Sem Visto” (TWOV – Transit Without Visa) para permitir que mais pessoas possam voar por Vancouver a caminho de outros países sem burocracia. Este lobby já deu resultado em vôos via YVR para os Estados Unidos, onde as restrições de visto para passageiros chineses foram isentadas.
Hoje, porém, cidadãos da China necessitam de visto para entrar no Canadá — e precisariam deste visto para simplesmente trocar de avião no aeroporto rumo à América do Sul — um obstáculo também compartilhado pelo Aeroporto de Seattle.
Sendo assim, conclui-se que uma possível flexibilização na política de visto para passageiros em trânsito pode ser o que falta para uma companhia aérea demonstrar interesse em inaugurar um vôo direto para o continente sul-americano saindo do Estado de Washington (EUA) ou British Columbia.
Destinos como Lima, no Peru (centro de mineração, relevantes para os chineses), São Paulo (centro econômico) e Rio de Janeiro (centro turístico) já foram citados na mídia como possíveis destinos de um eventual vôo entre British Columbia e América do Sul.
Um último e, espera-se, momentâneo obstáculo para a expansão de vôos intercontinentais neste momento é a restrição de vôos do Boeing 737 Max desde o ano passado, o que acarretou numa escassez de aviões para muitas companhias aéreas.
Para nós brasileiros, por hora, resta seguir aguardando os próximos capítulos desta novela. Siga o Jornal Brasil Vancouver em nossas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter) e não perca nenhum acontecimento relevante para os brasileiros em BC.