Conheça histórias de superação dos microempresários brasileiros em Vancouver durante a pandemia

Um exército silencioso tem lutado com bravura pela própria sobrevivência em meio à pandemia de COVID-19: os pequenos negócios de British Columbia, um contingente de cerca de meio milhão de pessoas jurídicas, segundo o levantamento mais recente do governo da província – que inclui nesta categoria empresas que possuem até 50 empregados.

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Negócios Brasileiros em Vancouver. Crédito: Tim Mossholder

As pequenas empresas compõem a vasta maioria de todos os negócios de BC, “têm papel vital na economia e são essenciais para as comunidades e para a geração de empregos em todos os tipos de indústria”, destaca o governo, em seu mais recente relatório sobre o tema.

O suporte emergencial destinado a evitar o fechamento permanente desta categoria de empresas no Canadá foi praticamente uma força-tarefa mobilizada por todas as esferas governamentais e também pela iniciativa privada.

Além de lançar linhas especiais de crédito e de financiamento, o governo assumiu parte dos custos dos pequeno e microempresários, como gastos com empregados e com aluguel dos pontos de venda – um alívio que pode representar até 75% do total de cada uma destas despesas.

Enquanto alguns acreditam numa virada e seguem firmes, outros capitularam, segundo a Canadian Federation of Independent Business (CFIB), que acaba de disponibilizar os dados do seu último monitoramento semanal sobre os impactos do novo coronavírus entre os pequenos negócios. Dos mais de seis mil microempresários ouvidos na última semana pelo CFIB, 28% estão com seus comércios em funcionamento pleno, 48% estão parcialmente abertos (operando por menos horas diárias, em sistema de delivery ou vendas por telefone, por exemplo) e 23% encerraram suas operações devido a pandemia (1% estão sem operar por razões não relacionadas a emergência de saúde).

BC está levemente acima da média nacional: aqui, 31% dos pequenos comércios funcionam a pleno vapor neste momento. Mas a queda de faturamento é dolorida: metade dos entrevistados reportou perdas de caixa de 70%, ou maiores, nos últimos meses.

Boteco Brasil e River Road Café têm forte perda e buscam retomada

“A minha queda foi de 80%”, conta Eliane Trovo, desde 2015 proprietária do Boteco Brasil, um dos restaurantes favoritos da comunidade brasileira em Vancouver. Na segunda quinzena de março Eliane passou a abrir apenas de sexta a domingo − e somente para entregas, com os clientes fazendo seus pedidos por telefone e indo buscar pessoalmente, ou também fazendo encomendas via aplicativos de delivery. A empreendedora possuía treze funcionários até março, conseguiu manter dez, acessou as ajudas governamentais disponíveis, e a boa notícia é que o Boteco reabriu esta semana ao público.

Mas os clientes assíduos vão notar algumas diferenças: o espaço receberá metade da capacidade anterior, mesas a dois metros de distância uma da outra, álcool gel na entrada para uso obrigatório e grupos de no máximo seis pessoas. Além disso, será recomendável fazer reserva e deixar nomes e contatos no restaurante – uma exigência da província, para que seja possível rastrear pessoas no caso de um eventual surto (“outbreak”) do novo coronavirus.

“Estamos com uma expectativa positiva, acreditando que as pessoas virão porque querem retornar à normalidade. Retocamos a pintura, colocaremos flores, queremos receber nossos clientes com um espaço bonito e boas vibrações. E vamos tentar não falar de COVID-19. Seremos um refúgio”, afirma a dona do estabelecimento.

Crédito: Gilmar Koizumi

No River Road Café, em Richmond, outro destino popular da comunidade brasileira, o efeito inicial da pandemia foi similar, com grande queda no movimento. A proprietária Roberta Amaral Tonioli disse ao Jornal Brasil Vancouver que “as primeiras duas semanas foram assustadoras” com tudo que aconteceu. Devido às circunstâncias, “o restaurante precisou se reinventar” para enfrentar o período de turbulência, principalmente com a criação de uma loja online, que se tornou uma importante fonte de renda durante a crise.

Segundo Roberta, o auxílio do governo também foi fundamental para equilibrar as contas do estabelecimento, que permaneceu aberto durante a pandemia, mas com o salão fechado para os clientes. O espaço já foi reaberto aos consumidores, também seguindo as orientações de higiene e segurança estabelecidas pelas autoridades de saúde, com distanciamento social e limite de seis pessoas por mesa.

Aos poucos, o restaurante busca retomar os resultados pré-crise: “O nosso faturamento já se aproxima do habitual, mas nossa nova realidade é totalmente diferente. Temos menos funcionários e novos clientes, provenientes da loja virtual” ressalta Tonioli. “Nada é como era antes. Não é mais o normal. É tudo novo.”

Beiju Foods e Good 2 Go alteram planos e procedimentos devido à pandemia

A pandemia também modificou os planos de Jimmy e Andreza Stambowsky, que chegaram em Vancouver em meados de fevereiro decididos a abrir uma lanchonete focada em delícias brasileiras à base de tapioca. Mas o novo coronavírus, ao invés de esmorecer o casal, fez com que os dois apenas mudassem o foco: resolveram se concentrar em produzir e embalar a tapioca para o produto beiju e o mix para pão de queijo da marca Beiju Foods, para vendas ao varejo.

Deu certo. Tão certo que eles já planejam incluir a farinha de mandioca no cardápio. O casal de empreendedores tem comercializado, em média, 250 kg de mistura para pão de queijo e 200 kg da farinha de beiju todos os meses. A clientela pode adquirir os produtos através de revendedores ou online. O projeto da lanchonete, afirma Jimmy, não foi descartado: está apenas em compasso de espera. 

Outra empresa brasileira do ramo de alimentos que precisou se adaptar à nova realidade foi a Good 2 Go, que oferece refeições brasileiras por delivery. O proprietário Thiago Borja Mazoni disse ao Jornal Brasil Vancouver que a pandemia dificultou a compra de alguns ingredientes, pela alta demanda de produtos de alimentação, o que fez a empresa revisar processos de produção interna e a periodicidade das entregas de refeições ao consumidor.

Com o surto do novo coronavírus, a operação também aumentou a rigidez sanitária, como o uso de máscaras, toucas e luvas durante a preparação dos pratos.

Pesquisa: Empresário brasileiro, como os seus negócios foram afetados pela pandemia?

 O Consulado-Geral do Brasil em Vancouver e o Jornal Brasil Vancouver querem entender como a pandemia afetou os negócios da comunidade brasileira na Metro Vancouver. Caso você seja um empreendedor brasileiro na região, clique na imagem abaixo e responda ao questionário. Participe e divulgue para outros empreendedores na comunidade!

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