Maioria dos canadenses é contra o bloqueio de notícias no Instagram e Facebook: Pesquisa

Crédito: Fotomontagem Jornal Brasil Vancouver

O parlamento do Canadá introduziu recentemente o polêmico Projeto de Lei C-18 (Bill C-18), que exigirá que gigantes da tecnologia como Google e Meta paguem pelo uso e compartilhamento (links) de artigos e notícias.

Como resposta, a Meta, responsável pelo Instagram e Facebook, bloqueou este tipo de publicação em suas plataformas no Canadá. O Google mantém diálogo com as autoridades canadenses, na esperança de encontrar uma solução.

O governo diz que este tipo de divisão de receitas é necessário para garantir que os meios de comunicação locais continuem a existir, depois de grande parte do investimento em publicidade ter sido transferido para mídias sociais e ter reduzido uma importante fonte de receitas para o jornalismo.

No entanto, gigantes da tecnologia como Google e Meta veem a lei como um “imposto sobre links”, e que não reconhece o relevante tráfego (número de acessos) que suas empresas fornecem aos meios de comunicação.

Pesquisa: Maior parte dos canadenses está ciente do Projeto de Lei C-18

O Instituto Leger* entrevistou canadenses sobre suas percepções sobre o Projeto de Lei C-18 e suas implicações para o consumo de notícias no Canadá.

Segundo a pesquisa, 75% dos canadenses estão cientes do Projeto de Lei C-18, enquanto 25% não. Esta proporção cresce se consideradas pessoas com mais de 55 anos (84%).

Quase metade dos canadenses (47%) notou mudanças em seu feed online desde que a Meta bloqueou o conteúdo de notícias no país. Este número é ainda maior (59%) entre os entrevistados que consumem notícias principalmente através de suas redes sociais.

Com a publicação de notícias bloqueadas no Facebook e no Instagram (para usuários no Canadá), 22% dos entrevistados dizem buscar com mais frequência informações através do rádio e televisão, enquanto 20% optaram por acessar sites e aplicativos gratuitos. Apenas 6% dos canadenses consideram fazer algum tipo de assinatura paga para acessar notícias diretamente.

Maioria diz que notícias devem permanecer acessíveis para todos

O estudo revela também que 66% dos canadenses acreditam que as notícias deveriam ser gratuitas e acessíveis a qualquer pessoa. Por outro lado, 34% acham que o Projeto de Lei C-18 é positivo, visto que os meios de comunicação passam por dificuldades.

Aqueles que recebem notícias principalmente através das redes sociais indicam em maior proporção (75%) que as notícias devem ser gratuitas e acessíveis a qualquer indivíduo.

A pesquisa destaca ainda que 59% dos entrevistados dizem que a Meta deveria suspender o atual bloqueio de notícias canadenses em suas plataformas Instagram e Facebook.

43% dos entrevistados apoiam o Projeto de Lei C-18, enquanto 31% se opõem e 26% não sabem o suficiente sobre o tema para ter uma opinião a respeito.

Os meios de comunicação devem ser compensados pelo compartilhamento de links?

O principal fator da disputa entre os lados envolvidos é uma eventual compensação aos meios de comunicação pelo compartilhamento de notícias, fator estabelecido em princípio no Projeto de Lei C-18, também conhecido como “Online News Act” (Lei de Notícias Online).

“Os canadenses esperam que os gigantes da tecnologia cumpram a lei e paguem sua parcela para apoiar as fontes de notícias confiáveis, baseadas em fatos e independentes”, ressalta o governo em um comunicado.

Michael Geist, professor e pesquisador de Direito em Internet e Comércio Eletrônico na Universidade de Ottawa, disse em uma reportagem da CBC que não concorda com a abordagem do governo.

“Não acho que os links devam ser compensados financeiramente”, disse ele. “Existem muitos motivos para não gostar do Facebook, mas o fato de jornalistas publicarem links [em mídias sociais] porque isso direciona acessos para seus sites não é um deles.”

Ainda segundo Geist, os meios de comunicação conseguiam uma boa exposição gratuitamente devido ao Facebook.

“Se o Canadá quiser mais dinheiro das grandes empresas de mídias sociais, o país deveria cobrar mais impostos e não uma taxa por cada link que publicam, disse Geist.

Já o CEO da Village Media, Jeff Elgie, que administra 25 sites de notícias locais, disse à CBC que a remoção em definitivo do conteúdo dos meios de comunicação canadenses do Google e da Meta “devastaria” a indústria.

Elgie afirma que o “Online News Act” foi mal elaborado desde o início, e afirmou que cerca de 50% do tráfego dos sites de sua empresa vem do Facebook e do Google.

Jornal Brasil Vancouver também tem notícias bloqueadas no Instagram e Facebook

Assim como outros meios de comunicação baseados no Canadá, o Jornal Brasil Vancouver foi igualmente afetado pelo veto a veiculação de notícias nas redes sociais da Meta.

Vale observar, entretanto, que o número de acessos ao Jornal provenientes de Instagram e Facebook representam somados, apenas uma pequena porcentagem do tráfego mensal da publicação brasileira na Metro Vancouver, que conta com diversos outros métodos para levar notícias aos seus leitores.

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Saiba mais: Leia opiniões sobre o Projeto de Lei C-18

  • A Reality Check on the Online News Act: Why Bill C-18 Has Been a Total Policy Disaster (Michael Geist)
  • Don’t be intimidated, Canada, pass Bill C-18, the Online News Act (Chris Pedigo)
  • Bill C-18 is Bad for Journalism and Bad for Canada (Sue Gardner)
  • Government of Canada outlines proposed regulations for the Online News Act (Canadian Heritage)

*Para conhecer a metodologia desta pesquisa, visite o site do Instituto Leger.

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