O impacto da pandemia nos negócios brasileiros em Vancouver (Parte I): os resultados da pesquisa com os empreendedores na região

Pesquisa do Consulado-Geral em parceria com o Jornal Brasil Vancouver confirma que maioria dos negócios brasileiros tem na comunidade mais da metade da sua clientela. 60% das empresas participantes teve queda de renda durante a pandemia.

Conforme matéria publicada anteriormente no Jornal Brasil Vancouver, muito tem sido veiculado sobre os impactos das restrições adotadas devido à pandemia e da desaceleração da atividade econômica sobre micro e pequenas empresas em todo o Canadá. A posição de vulnerabilidade de tais empresas em meio à pandemia se singulariza, na medida em que comumente se vinculam ao setor de serviços, um dos mais afetados na atual crise.

No Canadá, haveria 1,2 milhão de micro e pequenas empresas, universo que empregaria sete em cada dez funcionários do setor privado (dados da Statistics Canada). Tendo em mira esse importante contingente gerador de empregos e de riqueza no país, uma série de medidas foi adotada pelo governo canadense durante a pandemia com vistas a apoiar as micro e pequenas empresas, por meio de programas de crédito e financiamento como o “Canada Emergency Wage Subsidy”, o “Business Credit Availability Program” e o “Canada Emergency Business Account”. Isso, porém, não evitou que milhões de pessoas fossem demitidas e muitos pequenos negócios fossem forçados a encerrar as suas atividades. 

Campanha do Jornal Brasil Vancouver com apoio do Consulado e da BCA-BC ajudou a divulgar os negócios brasileiros na região

O Jornal Brasil Vancouver, com o apoio do Consulado-Geral do Brasil e da BCA (Brazilian Community Association of British Columbia), lançou no começo de maio último a campanha “Estamos Juntos Vancouver”, com o objetivo de divulgar os negócios de brasileiros na Metro Vancouver e encorajar os membros da comunidade brasileira a tornarem-se consumidores dos produtos e serviços oferecidos.

Estamos Juntos diretório comunidade brasileira vancouver Já se observa, na esteira da pandemia, em toda parte, o fortalecimento de movimentos de “buy local”, como forma de apoiar produtores e empresários locais que sofreram perdas com a crise econômica. A campanha “Estamos Juntos Vancouver” inspirou-se no sentimento de solidariedade à base desses movimentos e pretendeu projetá-lo para a comunidade brasileira na grande Vancouver.

Pesquisa faz levantamento sobre os efeitos da pandemia

Posteriormente, no mês de junho, o Jornal e o Consulado promoveram pesquisa, aberta aos micros e pequenos empresários brasileiros na Metro Vancouver, com a finalidade de aquilatar como a pandemia da COVID-19 afetou o andamento dos seus negócios. Responderam 25 empreendedores, número que permite começar a delinear o impacto da pandemia no empreendedorismo brasileiro na região.

Com relação ao ramo de atividade, o setor individual mais presente na pesquisa foi o de intercâmbio e imigração (no qual, vale frisar, a presença brasileira tem-se expandido, à medida que o Canadá se consolida como destino preferencial de brasileiros com planos de emigrar ou realizar estudos no exterior), com 4 respondentes (16%). Em seguida, vieram os setores de contabilidade, corretagem de imóveis e fotografia & vídeo, cada um com 2 respondentes (8%).

Figura 1: Ramo de atividade das empresas que participaram na pesquisa.

Comunidade brasileira é de fato a clientela preferencial dos negócios brasileiros na Metro Vancouver

Uma tendência que apresenta força entre a diáspora brasileira, no mundo todo, é recorrer à comunidade brasileira como clientela preferencial para o desenvolvimento de negócios, valendo-se das conexões mantidas dentro da comunidade e também de laços que podem facilmente ser estabelecidos com o Brasil. No caso dos micro e pequenos negócios de brasileiros na Metro Vancouver, dita tendência parece confirmar-se: 65% do total têm no público brasileiro mais da metade da sua clientela.

Figura 2: Porcentagem de clientes brasileiros das empresas respondentes.

Quanto ao impacto da COVID-19 sobre a operação do negócio, 12,5% dos participantes da pesquisa seguiram operando normalmente. No outro extremo, 8,3% fecharam definitivamente. 25% seguiram operando de forma distinta à usual, mas satisfatória, e 33,3% continuaram operando com muitas dificuldades. 20,8% tiveram de suspender temporariamente suas operações.

Neste quesito, reputa-se que a resposta é primordialmente uma função da natureza da atividade em questão – nessa linha, alguns empreendimentos não foram afetados, ao passo que outros simplesmente se inviabilizaram, temporária ou definitivamente, em virtude de restrições ou normativas adotadas. Para os que, materialmente, afigurou-se possível manter as operações durante a pandemia, uma boa dose de adaptabilidade e de criatividade nas reações à situação gerada pela COVID-19 ter-se-á mostrado decisiva para o enfrentamento de maiores ou menores dificuldades.

Figura 3: Como os negócios das empresas participantes foram afetados pela pandemia.

A queda de receita de mais de 60% foi um aspecto que afetou 15 empresas respondentes (62,5% do total). Entre essas, 8 tiveram perda de receita de mais de 90%.

Figura 4: Queda estimada de receita das empresas respondentes em virtude da pandemia de COVID-19.

Tiveram de demitir colaboradores 32% dos respondentes, enquanto os restantes (68%) atravessaram o momento crítico da pandemia sem precisar despedir funcionários.   

Figura 5: Porcentagem de empresas respondentes que demitiram (ou não) funcionários devido à pandemia.

Entre os oito empreendimentos que foram forçados a demitir funcionários, um demitiu 1 funcionário; três demitiram 2 funcionários; dois demitiram 3; um demitiu 8; e um demitiu 9.

Figura 6: Número de funcionários demitidos (dentre as empresas participantes que declararam ter demitido colaboradores).

Políticas públicas amenizaram o impacto econômico negativo sobre os negócios

Figura 7: Maioria das empresas respondentes dizem que as políticas públicas contribuíram para amenizar o impacto econômico sobre os negócios.

Questionados se as políticas públicas de socorro do governo provincial/federal contribuíram para amenizar o impacto econômico sobre os negócios, uma maioria de 58,3% dos participantes disse sim. Os aportes governamentais, canalizados por meio das políticas de socorro, serviram, por exemplo, para ajudar no pagamento dos salários dos funcionários (inclusive mediante recontratação de colaboradores que haviam sido demitidos) e do aluguel, manter o fluxo de caixa e assegurar proventos mensais para empreendedores registrados como autônomos, através do “Canada Emergency Response Benefit” (CERB).

Para além dos números refletidos na pesquisa, uma imagem mais viva do que representou navegar a pandemia da COVID-19 é fornecida pela experiência individual dos empreendedores participantes, alguns dos quais contatados para a confecção da segunda parte desta matéria, que será publicada nos próximos dias no Jornal Brasil Vancouver.

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